CADERNOS DE ARTISTA

Dona Beatriz Ñsîmba Vita
2024, 05min, MG

Dona Beatriz Ñsîmba Vita
Uma mulher determinada a cumprir a missão divina de criar seu próprio povo, usando uma habilidade peculiar de produzir clones de si mesma. Livremente inspirado na história da heroína congolesa Kimpa Vita.
Ficha técnica
Direção: Catapreta
Produção: Mirian Rolim
Produção Executiva: Mirian Rolim
Direção de Fotografia: Catapreta
Direção de Arte: Catapreta
Som: Daniel Nunes
Montagem / Edição: Catapreta
Animação: Catapreta
Roteiro: Catapreta
Festivais, Mostras e Prêmios
Festival de SUNDANCE 2024
60th Chicago International Film Festival
56º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
27ª Mostra de Cinema de Tiradentes
25th Buenos Aires International Independent Film Festival (BAFICI)
14ª ANIMAGE – Festival Internacional de Animação de Pernambuco
Fantaspoa – Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre
Indie Short Film Festival 2024
XIX Panorama Internacional Coisa de Cinema
33º CURTACINEMA – Rio de Janeiro International Short Film FestivalMake Believe Seattle 2024
Short Encounters International Film Festival 2024
11º Festival de Finos Filmes
31º Festival de Cinema de Vitória
35º Festival Internacional de Curtas de São Paulo – Kinoforum
47º Festival Guarnicê de Cinema 2024
19ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto
Marmostra International Film Festival 2024
NewFilmmakers Los Angeles (NFMLA) 2024
3º AFRONTE – Festival de Cinema da Diversidade Sexual, Racial e de Gênero
17a edição do Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul: Brasil, África, Caribe & Outras Diásporas!
6º Festival de Cinema da Amazônia – Olhar do Norte
VIII Cine Jardim – Festival Latino-americano de Cinema de Belo Jardim
Galician Freaky Film Festival (GFFF)
4ª Semana de Cinema Negro de Belo Horizonte – Mostra Cine-Escrituras Pretas
T-Short Animated film Festival
34º Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema
26º Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte (FestCurtasBH)
CINEGRO – Festival de Cinema Negro de Campinas 2024
10° Festival Amazônia FiDOC
5° Festival Internacional do Audiovisual Negro do Brasil – FIANB
PREMIAÇÕES
“» MELHOR ROTEIRO – 56º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
» PREMIO FilmsToFestivals: MEJOR CORTOMETRAJE LATINOAMERICANO entre todas las Competencias Oficiales – 25º BAFICI – Festival Internacional de Cine Independiente.
» Melhor Filme: Mostra Identidade – III AFRONTE – Festival de Cinema da Diversidade Sexual, Racial e de Gênero
» Troféu Vitória: Melhor Filme (Júri Técnico) – 31º Festival de Cinema de Vitória
» Melhor Curta-Metragem Brasileiro no 14º Festival Internacional de Cinema Animage, em 2024
» PRÊMIO DA CRÍTICA – ABRACCINE – 34º Cine Ceará – Melhor Direção
» Troféu Capivara do 26º FestCurtasBH – Melhor curta-metragem pelo júri oficial”
BIOGRAFIA DE ARTISTA

Catapreta (1976). filho de obaluaê. tentando entender de tudo um pouco. quis ser designer, cineastro, músico, formador de opinião de timeline, mas acabou fazendo das artes flácidas e do cinema a extensão de seu incômodo. já foi servente de pedreiro e hoje está mais para pedreiro de pixel. é 2024 e ele tira onda na favela, tem curso superior e até viaja pra gringa exibindo seus filmes. fala sobre os caboclos, os muros sem reboco e a diáspora negra. enfeita o vocabulário, se esforça, mas continua confuso quando fala de si.
ah! é bacharel em desenho e cinema pela escola de belas artes eba/ufmg, mas o importante é ter as manha. “
FILMOGRAFIA
+ MORADORES DO 304 (2007)
+ O CÉU NO ANDAR DE BAIXO (2010)
**seleção oficial de CLERMONT-FERRAND SHORT FILM FESTIVAL – O maior festival de curtas metragens do mundo
+ VENTO VIRADO (2013)
+ ENTRADA PELA FRENTE (2015)
+ CALMARIA (2019)
+ QUARTO DO DESASSOSSEGO (2020)
+ VENTILADOR DE DUAS PÁS (2020)
+ ÓRBITA (2021)
+ QUARTO DO DESASSOSSEGO (2021)
+ DONA BEATRIZ ÑSÎMBA VITA (2024)
**seleção oficial de SUNDANCE FILM FESTIVAL 2024 – O maior festival de cinema independente do mundo
APRESENTAÇÃO DO DIRETOR
Olá,
Meu nome é Catapreta.
Um brasileiro.
Sou um diretor de curtas metragens, de live-action e animação.
Nosso curta-metragem é uma reinterpretação criativa da vida de DONA BEATRIZ ÑSÎMBA VITA, (conhecida como Kimpa Vita), uma figura histórica africana nascida no Congo no século XVII. Ela foi uma líder política e religiosa, reconhecida por suas habilidades místicas. Foi perseguida e executada pela Igreja Católica durante a colonização portuguesa. O filme, ambientado no Brasil contemporâneo, retrata DONA BEATRIZ ÑSÎMBA VITA liderando seu povo contra ameaças simbólicas, abordando questões como o declínio da democracia brasileira, a ascensão da extrema direita racista e violenta, o racismo estrutural, a desigualdade social e os conflitos históricos decorrentes do passado de um Brasil colonial.
Iniciada no Kimpasi, expressão religiosa que tem laços espirituais com o Candomblé brasileiro, especialmente o Candomblé Congo-Angola, a história de DONA BEATRIZ ÑSÎMBA VITA é crucial para entender as conexões entre a espiritualidade centro-africana e sua manifestação no Brasil, um país com uma população predominantemente negra, descendentes de indivíduos escravizados, muitos deles originários justamente da região do Congo.
Apesar de várias interpretações na cultura afro-diaspórica, há escassez de estudos fundamentados historicamente que contem a história de DONA BEATRIZ ÑSÎMBA VITA, sendo o livro de John Thornton de 1990 uma exceção proeminente. DONA BEATRIZ ÑSÎMBA VITA representa um exemplo significativo de liderança feminina, unindo valores ancestrais a símbolos cristãos. Seu impacto se estende à Igreja Tokoísta em Angola e ao Candomblé Congo-Angola no Brasil, preservando princípios espirituais compartilhados.
O título do filme, optando pela grafia tradicional “ÑSÎMBA VITA” em vez da mais comum “Kimpa Vita”, reflete uma escolha linguística enraizada na gramática original do Kongo.
Sobre Dona Beatriz Ñsîmba Vita
O curta-metragem “DONA BEATRIZ ÑSÎMBA VITA” é uma livre adaptação da história de Ñsîmba Vita (Kimpa Vita), uma personagem histórica africana nascida na região do Congo, que viveu entre os séculos XVII e XVIII. Ñsîmba Vita foi uma líder política e religiosa, considerada uma profetisa com poderes mágicos e sobrenaturais, capaz de realizar milagres e feitos surpreendentes.
Ela se tornou uma figura controversa e perseguida pela Igreja Católica durante a ocupação portuguesa na região do Congo. Seu legado permanece vivo tanto em Angola, por meio da Igreja Tokoísta, quanto no Brasil, através do Candomblé Angola, que mantém os mesmos valores espirituais.
A Narrativa do Filme
O filme é narrado no Brasil dos dias atuais e apresenta, de forma onírica e fantástica, a trajetória de Ñsîmba Vita, engajada na missão de liderar e proteger seu povo contra forças opositoras. Essas forças são representadas por seres disformes, carregados de simbolismos e metáforas que dialogam com questões contemporâneas da realidade sociopolítica brasileira, como:
- A ameaça à democracia institucional, impulsionada pela extrema-direita e fundamentalistas cristãos.
- O racismo estrutural e a desigualdade social.
- Os conflitos históricos de uma sociedade socioeconomicamente dividida entre ricos e pobres.
Contexto Espiritual e Histórico
Ñsîmba Vita era iniciada no Kimpasi, movimento religioso cujos conceitos espirituais encontram fortes referências no Candomblé Angola contemporâneo. A história dessa personagem é essencial para compreender as relações entre a espiritualidade tradicional centro-africana e as religiões afro-brasileiras.
A personalidade de Ñsîmba Vita é interpretada de diversas formas dentro da cultura afro-diaspórica. No entanto, há pouquíssimos estudos históricos embasados em documentos que analisam sua trajetória com profundidade.
O Estudo sobre Ñsîmba Vita
O estudo mais amplamente difundido sobre sua história é o livro de John Thornton, publicado em 1990. Thornton é professor de História da África na Boston University (Massachusetts, EUA) e uma referência mundial em história centro-africana. Seu trabalho destaca Ñsîmba Vita como um importante exemplo de liderança feminina nos âmbitos político e religioso, além de evidenciar seu papel central na compreensão da espiritualidade centro-africana.
Ela demonstrou imensa capacidade de conjugar valores ancestrais com símbolos e ideias cristãs, criando um legado que ainda ecoa nas tradições espirituais africanas e afro-diaspóricas.
Escolhas Artísticas e Linguísticas
O título do filme opta por uma grafia mais tradicional do nome da personagem, Ñsîmba Vita, em vez de Kimpa Vita, nomenclatura mais comum. Essa escolha se baseia na gramática da língua Kongo.
Para a construção visual, o diretor e artista plástico Catapreta emprega uma linguagem artística particular no processo de animação do filme. Esse estilo resulta de um amadurecimento natural de sua forma de desenhar, com:
- Elementos mínimos nas composições
- Paleta de cores reduzida (azul e vermelho)
Esse estilo visual reflete seu trabalho atual como artista plástico, caracterizado por desenhos informais, sem temas específicos, feitos rapidamente em cadernos de anotações. Ele utiliza canetas esferográficas comuns como ferramenta principal, e essa estética gráfica influencia diretamente o design dos personagens e o conceito visual do filme.
OBRA CONVIDADA
Orbita, de Catapreta
2022, 05min, MG
Orbita, de Catapreta (2022, 05min, MG)
é quarentena, ela em ótbita, ele em terra…
JUSTIFICATIVA
ÓRBITA é um curta metragem de cerca de 4 minutos, finalizado em 2k e som 5.1. Trata-se de uma ficção, composta por imagens e desenhos que foram manipulados através de técnicas de animação 2D. É um filme dirigido e escrito por Catapreta.
A história parte do relato real de uma parente próxima ao diretor, que esteve sob suspeita de ter sido contaminada pelo Coronavírus. A partir de aúdios gravados no Whatsup, onde a mulher relata os dias de apreensão e angústia até ter acesso aos resultados do teste, desenvolveu-se um roteiro ficcional que versa sobre a perda e o sentimento de isolamento e solidão.
Partindo de um evento fantástico, onde a casa da protagonista misteriosamente se desprende da força da gravidade e entra em órbita, enquanto um homem, em terra, tenta lhe acudir, ÓRBITA apresenta uma situação limite de angústia e frustração, sem uma resolução confortável, onde a impotência frente à grandeza impiedosa dos contextos biológicos e sociais dissolvem, lentamente, o sentimento de esperança e a pespectiva de futuro.