CADERNOS DE ARTISTA
Enxofre
2024, 14min, Portugal

ENXOFRE
Eu sou a morta. Eu sou a viva.
Ficha técnica
Direção: Karen Akerman, Miguel Seabra Lopes
Produção: Frederico Mesquita
Produção Executiva: Rita Santos Silva
Direção de Fotografia: Paulo Menezes
Direção de Arte: N/A
Som: Carlos Abreu
Montagem / Edição: Karen Akerman, Miguel Seabra Lopes
Elenco: Nayara Varela, Roxy Visan
Festivais, Mostras e Prêmios
DocLisboa – Lisboa, Portugal (2024)
Caminhos do Cinema Português – Coimbra, Portugal (2024) – Melhor Filme na Secção Outros Olhares

BIOGRAFIA DE ARTISTA

Karen Akerman (1975) e Miguel Seabra Lopes (1975) dirigem filmes em parceria desde 2010, em película e em vídeo, mesclando ficção, experimental e documentário. Karen trabalha majoritariamente como montadora e consultora, Miguel como roteirista e colagista. Enxofre é a sua sétima codireção.
FILMOGRAFIA
Filmografia conjunta Karen Akerman e Miguel Seabra Lopes:
Incêndio (2011, 23min)
Outubro Acabou (2015, 24min)
Talvez Deserto Talvez Universo (2015, 99min)
Confidente (2016, 12min)
Num País Estrangeiro (2018, 25min)
Guarda Vieja 3458 Timbre 3/6 (2023, 12min)
Enxofre (2024, 15min)
TEXTOS
Texto referente ao filme Enxofre, prêmio Melhor Filme Outros Olhares, redigido pelo Júri no festival Caminhos do Cinema Português, em Coimbra, Portugal, 2024
Pela abordagem cinematográfica experimental que parte do real concreto do mundo e de uma paisagem mineral inóspita que, apesar do rigor visível na mise-en-scène, a transcende e interpela, numa evocação poética e polifónica que se corporiza através dos passos, das vozes e de um jogo quase lúdico de encontros e desencontros entre duas crianças. Caminhos que se cruzam num cenário espectral, monocromático e agreste, um prenúncio de fim que nos é trazido na abordagem lúcida e simbólica dos autores do filme ao contemporâneo do mundo e às questões mais essenciais da humanidade. Vida e morte, princípio e fm, luz e sombra. Dois percursos que seguem caminho juntos, unidos pela esperança que questiona se para lá da montanha ainda continuaremos a existir.
Texto referente ao filme “num país estrangeiro”, David Finkelstein in Lake Ivan Film Journal:
Tradução
Num País Estrangeiro não é uma versão cinematográfca do livro de Hélder, mas algo muito mais potente: uma personifcação cinematográfca do espírito do livro. Akerman e Seabra Lopes mergulharam no livro e, com grande intuição e empatia, construíram um mundo visual que emana da essência do livro. O resultado é um poema por si só, um equilíbrio delicadamente construído de momentos flmados com sua própria beleza, desolação e espírito feroz de resistência e vontade de sobreviver. Em um mundo onde as noções anteriores de uma “esquerda” e “direita” política se tornaram irrelevantes, e todos os partidos e governos estão convergindo globalmente para o autoritarismo, são flmes como este que apontam para o caminho de resistência dos artistas: o isolamento que preserva a liberdade interna, independentemente de agressões externas. É um caminho cheio de sofrimento, mas também é um modo de sobrevivência, de passar por circunstâncias terríveis.
Texto referente ao flme “guarda vieja 3458 timbre 3/6”, por Simone Dompeyre in Rencontres Traverse 2024

OBRAS DE REFERÊNCIA
Earth Covers Earth”, Current 93,
A audição de “earth covers earth” acompanhou a criação do filme Enxofre em todas as fases. A força da poética que é repetida obsessivamente [a terra cobre a terra], a voz simultaneamente distante e presente da criança que canta [ecoando nas vozes das crianças do filme], e o tom que faz ascender da finitude e da morbidez uma apropriação diferente da beleza, contribuíram fortemente para a abordagem, permanecendo como trilha sonora secreta [e inaudível] do filme.
OBRA CONVIDADA
In the Traveler´s Heart, de Melissa Dullius e Gustavo Jahn (2013, 24min, 19)
O inverno reina enquanto o Viajante atravessa a pé uma paisagem antiga. Neste lugar há também outra presença, alguém muito parecido com o Viajante. O Viajante sabe desta figura que coabita o mesmo espaço que ele? O outro é um anjo da guarda ou um demônio?
JUSTIFICATIVA
Existe uma proximidade entre as intenções e os modos de produção da dupla DISTRUKTUR [Melissa Dullius e Gustavo Jahn] e o nosso trabalho, por buscarmos na paisagem a sua condição não apenas de lugar mas de personagem, de trabalharmos com meios simples e equipes muito reduzidas, e acima de tudo, o desejo de transmitir uma impressão, ou uma visão, que usa a forma experimental como parte ativa do conteúdo narrativo, e que vai sendo alterada e descoberta ao longo do processo de criação. No fundo, a ideia de que o filme tem três vidas distintas que permanecem interligadas: a do projeto escrito/pensado; a da filmagem; a da montagem. Afinal, os filmes, independentemente de seu resultado, são parte de um movimento de revelação, de possibilidade de relacionamento com um mundo ainda e sempre por descobrir.
Acesse o conteúdo da obra referência: In the Traveler’s Heart – DISTRUKTUR
