Cine Esquema Novo 2020/2021 – Arte Audiovisual Brasileira

 

Uma nova experiência

 

Um festival audiovisual é constituído, primeiramente, por obras audiovisuais e público para assisti-las. Até poucos anos atrás, todos os milhares de festivais realizados no mundo inteiro ocorriam presencialmente em salas de cinema, espaços expositivos, auditórios, em telas improvisadas ao ar livre e em vários outros espaços inusitados. Mas, desde o início de 2020, os eventos tiveram que se reinventar e se adaptar à realidade imposta pela pandemia: a impossibilidade de aglomerações. Felizmente, a tecnologia de exibição de filmes on-line evoluiu muito nos últimos anos e o streaming permitiu que muitos festivais fossem realizados de forma remota enquanto o mundo aguarda o fim da pandemia. O público, antes limitado ao número de assentos disponíveis na sala de cinema, agora só depende de uma conexão de internet e um dispositivo para acessá-la.

 

Mesmo não sendo possível explorar o diálogo das obras selecionadas com a sala de cinema, galerias de arte ou espaços públicos, a organização do 14o Cine Esquema Novo – Arte Audiovisual Brasileira não se satisfez em unicamente disponibilizar uma seleção de

obras em seu site para que o público clicasse no “play”, as assistisse e pronto, partisse para

a próxima plataforma de vídeo disponível no seu celular ou Smart TV. Na sua busca por

estar sempre proporcionando novas experiências para o seu público, a Mostra Competitiva Brasil expandiu-se para os Cadernos de Artista: um espaço para mergulhar no universo criativo dos realizadores das obras selecionadas. A partir de um convite da organização e

construídos em parceria com os realizadores de cada uma das obras selecionadas para a

Mostra Competitiva Brasil, os 31 Cadernos de Artistas vão muito além das obras em si.

Graças à generosidade desses diversos artistas, que abriram os seus arquivos pessoais, seus cadernos de anotações e seus HDs, o público poderá entrar nestes verdadeiros “buracos de minhoca”. Para além do filme, é possível ficar horas pulando de uma referência para outra, de uma entrevista para uma crítica, de um poema para uma playlist com as músicas que serviram de inspiração para a escrita do roteiro, do próprio roteiro para fotos tiradas durante a pesquisa para o filme. E depois desse mergulho para dentro destes universos tão particulares, ainda é possível assistir a uma Obra Convidada pele próprie

realizadore para dialogar com a sua. Os Cadernos vieram para ficar, tanto que seu conteúdo, exceto os filmes, seguirá disponível em nosso site.

 

E como o Cine Esquema Novo faz em todas suas edições, propõe também outras programações especiais: Mostra Outros Esquemas, Mostra Artista Convidado Welket Bungué e Projeções Urbanas de Slam, proporcionando ao público outras experiências

audiovisuais; atividades de reflexão, como o Seminário Pensar e Imagem e os Debates sobre as obras em competição; e ainda Oficinas, buscando oferecer uma programação que passa também pela reflexão e formação audiovisual. Então não perca tempo, pois são apenas seis dias para se perder.

 

Alisson Ávila, Gustavo Spolidoro, Jaqueline Beltrame e Ramiro Azevedo

Acesse aqui os Cadernos de Artista da 14ª edição

#eagoraoque

#eagoraoque

Jean-Claude Bernardet e Rubens Rewald

2020

70 min

SP

 

O 14º Cine Esquema Novo – Arte Audiovisual Brasileira ocorre entre os dias 10 e 15 de abril, com três mostras, 49 obras, seis delas estreias internacionais, seminário, oficinas, debates, muita interação nas redes sociais e o artista transdisciplinar Welket Bungué como artista convidado. Toda a programação será on-line e gratuita pelo www.cineesquemanovo.org, e as obras estarão disponíveis no site durante os seis dias de evento para serem visualizadas a qualquer horário, on demand. “Já que não podemos realizar o festival de forma presencial este ano, decidimos então tirar partido de algumas vantagens que o ambiente virtual nos proporciona, como a conveniência de deixar os filmes das mostras em exibição on-line, sem horário ou sessão. Vai ser possível assistir a todas as obras e levar a conversa para as redes sociais”, comenta Jaqueline Beltrame, diretora e curadora do festival.

As obras se dividem em três mostras: a Mostra Competitiva Brasil, a Mostra Artista Convidado Welket Bungué e a Mostra Outros Esquemas. A primeira delas, a Competitiva, atraiu mais de 395 inscritos, com 31 obras escolhidas para integrar a principal mostra da programação do festival. Foram mais de 144 horas de material avaliadas e selecionadas pelo time de curadores formado por Dirnei Prates, Gustavo Spolidoro, Jaqueline Beltrame e Vinícius Lopes.

Este ano, por conta do formato on-line, a organização do festival inovou na Mostra Competitiva Brasil, criando o Caderno de Artista. A novidade, disponível no portal do festival, exibe diversos conteúdos construídos em parceria com cada um dos selecionados em espaços formatados para cada um deles, contendo, além do filme selecionado, uma outra obra que dialogue com o trabalho em competição, entrevistas, informações e outras imagens, convidando o público a ter uma maior compreensão do universo de cada realizador. “Propusemos aos selecionados que compartilhassem nessa área especial do site referências artísticas, inspirações, processos criativos para a realização da obra audiovisual selecionada para a Mostra Competitiva. É como se eles abrissem os seus cadernos para o público: o Caderno de Artista. Esse material, que já está disponível no portal, será acrescido ainda da exibição do filme selecionado bem como de uma outra obra à escolha do realizador que seja uma inspiração para seu trabalho. É uma exibição quase dois em um”, declaram Jaqueline Beltrame, Ramiro Azevedo, Gustavo Spolidoro e Alisson Avila, organizadores do CEN, que celebra 18 anos de existência em 2021.

A seleção conta com dez projetos assinados por duos ou grupos, 8 realizadoras, 19 realizadores, além de artistas agênero e não-bináries. Temáticas como cenário político brasileiro atual, direitos humanos, fim do mundo, saúde mental, questões indígenas, memória e história, racismo, solidão na contemporaneidade, identidade queer, religiosidade, futuro, exploração da natureza, territorialidade, laços familiares, entre outras, pautam os títulos selecionados a partir de onze Estados brasileiros e duas produções assinadas por brasileiros realizadas no exterior (ou em coprodução internacional).

Eu não sou um robô (Gabriela Richter Lamas, Maurílio Almeida, Felipe Yurgel e Guilherme Cerón), O Ciclope (Guilherme Cenzi, Pedro Achilles), Per Capita (Lia Leticia), Performatividades do Segundo Plano (Frederico Benevides e Yuri Firmeza), sem título #6: o Inquietanto (Carlos Adriano) e Urubá (Rodrigo Sena) têm estreia mundial no festival, além de quatro estreias nacionais: 13 Ways of Looking at a Blackbird (Ana Vaz), A chuva acalanta a dor (Leonardo Mouramatheus), As vezes que não estou lá (Dandara de Morais) e Para Colorir (Juliana Costa).

A lista reúne títulos como O Mundo Mineral, de Guerreiro do Divino Amor, artista contemplado com o Prêmio Pipa 2019 e que participa pela terceira vez do festival; 13 Ways of Looking at at a Blackbird, de Ana Vaz, que integra a mostra Forum Expanded do 71º Festival Internacional de Cinema de Berlim. O título é inspirado no poema de Wallace Stevens e a obra é composta de série de tentativas de olhar e ser olhado, que propõe um caleidoscópio de experiências, questionamentos e maravilhas de um casal de alunos do ensino médio após um ano de experiências com a cineasta, questionando o que o cinema pode ser. Aqui, a câmera torna-se um instrumento de investigação, um lápis, uma canção. “O filme é uma música que dá para ver”, escreveu um dos alunos em uma constelação coletiva de frases e desenhos feitos durante uma das oficinas. 

Perifericu, de Nay Mendl, Rosa Caldeira, Stheffany Fernanda e Vita Pereira, traz a história de Luz e Denise que cresceram em meio às adversidades de ser LGBTQA+ no extremo sul da cidade de São Paulo. Entre o vogue e as poesias, do louvor ao acesso à cidade, os sonhos e incertezas da juventude inundam suas existências. O curta já integrou mais de 70 festivais e mostras e recebeu 25 prêmios, entre eles o de Filme Mais Transgressor e Júri Popular no 27° Mix Brasil, e melhor da competitiva do Kino Forum. “Denise e Luz descolonizam sua existência com ancestralidade e uma boa dose de deboche. Elas existem e estão aqui, todos os dias, no gerúndio, amando, dançando, sonhando, sendo o que são. Ou melhor, o que somos. Somos seres poéticos e políticos. Reais, de verdade, não apenas os retratos sem voz do noticiário policial ou dos estereótipos que outros nos dão por ai”, afirma Well Amorim, diretor de fotografia e produtor executivo do filme.

A Mostra Competitiva Brasil conta com projetos de nomes que já estiveram em outras edições do festival, como a dupla Frederico Benevides e Yuri Firmeza, com Performatividades do Segundo Plano, uma continuidade de um trabalho em dupla que mantém uma pesquisa sobre imagens projetivas que começa com Entretempos e segue questionando o poder de modulação de futuro, mas também de presente e passado que essas narrativas tomam. “Dessa vez centramos foco na performance dos figurantes e dois filmes ensaios e oito fotos lenticulares, onde aproximamos imagens que podem ser vistas apenas como sofisticações da estratificação que sempre esteve posta entre quem olha e quem é olhado”, contam os realizadores.

Leonardo Mouramatheus também é um dos criadores que já passou por outras seleções do CEN. Em 2021 ele apresenta A chuva acalanta a dor, baseado no conto Lucrèce de Marcel Schwob. No ano 74 a.C, Tito Lucrécio Caro, um jovem com ideias ousadas, tenta convencer seu amigo Mêmio que ir estudar para a cidade de Roma é uma total perda de tempo. Anos depois, Lucrécio volta da capital. Tentando encontrar um equilíbrio entre suas explicações do mundo natural e sua experiência emocional do mesmo, Lucrécio vive uma paixão profunda e conturbada com Isa, sua esposa estrangeira. O filme já participou de festivais como IFFR | International Film Festival Rotterdam, na Holanda, IndieLisboa International Film Festival  em Portugal, Viennale – International Film Festival, entre outros, e estreia nacionalmente na programação do 14º Cine Esquema Novo – Arte Audiovisual Brasileira. 

#eagoraoque, de Jean-Claude Bernardet e Rubens Rewald, expressa a ansiedade e exasperação dos realizadores com a situação política do Brasil e do mundo. “A extrema direita cresce a cada dia. Os ativistas e intelectuais de esquerda não sabem como reagir. A Universidade parece cada vez mais distante da periferia e sua gente. E agora, o que devemos fazer? Ficção e realidade se misturam nessa busca urgente por respostas”, refletem. Lyz Parayzo Artista do Fim do Mundo, de Fernando Santana, acompanha o início da trajetória artística de Lyz Parayzo, artista visual que, através de suas obras e performances, coloca em discussão qual o espaço da arte em um corpo não-binário provindo da periferia. Artista performática nascida e criada em Campo Grande, zona oeste e periférica do Rio de Janeiro, Lyz  tem o corpo como principal suporte de trabalho e sua performatividade diária como plataforma de pesquisa revelando o descompasso entre o que se diz, o que se faz, o discurso e a prática. 

Vil, Má, de Gustavo Vinagre, apresenta a história de Wilma Azevedo, uma escritora de contos eróticos e dominatrix de 74 anos, conhecida como a Rainha do Sadomasoquismo nos anos 1970 e 1980. Mas ela é também Edivina Ribeiro, jornalista, mãe de três filhos, religiosa e esposa dedicada. Wilma/Edivina conta suas histórias para o diretor Gustavo Vinagre, em um documentário que funciona como um jogo de dominação entre diretor e personagem. O filme integrou a seleção oficial na Berlinale e no Queer Lisboa. Vento Seco, de Daniel Nolasco, mais um nome que já esteve em outra edição do festival, também participou do Festival de Berlim em 2020 e traz a história de Sandro, que vive em uma pequena cidade do interior de Goiás. O protagonista divide seus dias entre o clube, o trabalho, o futebol e a vida social, além do relacionamento com Ricardo. Mas a sua rotina começa a mudar com a chegada de Maicon, um rapaz que desperta o seu interesse e do qual todos sabem muito pouco.

Obra inédita que terá première mundial na programação do festival, Eu Não Sou Um Robô é uma criação de Gabriela Richter Lamas, Maurílio Almeida, Felipe Yurgel e Guilherme Cerón. O filme é uma experimentação sobre a solidão e o contato por meio do digital que se acentuou durante a pandemia de 2020. Ao falhar incontáveis vezes em um teste ReCAPTCHA, que diferencia humanos de robôs, a personagem Tânia se pergunta sobre o real e anseia por qualquer tipo de contato presencial e físico, deliberando sobre a vida com a visita de uma Mosca. Ansiosos por estarem juntos na distância durante a pandemia de COVID-19 em 2020, Gabriela Lamas, Maurílio Almeida e Felipe Yurgel fizeram diversas reuniões on-line para escrever “Eu Não Sou Um Robô”. O filme foi, então, gravado com uma equipe de três pessoas, sendo elas a diretora Gabriela Lamas e o roteirista Maurílio Almeida, que também atuam como os personagens Tânia e Mosca, e a diretora de fotografia Lívia Pasqual. “Pode-se dizer que este filme foi mais uma das tentativas de se manter são durante o isolamento e entender mais sobre o digital e a vontade de estar ‘junto”, afirmam. 

Estreando como realizadora, Juliana Costa integra a lista de selecionados com o longa Para Colorir, uma investigação sobre as possibilidades e limites do cinema erótico. Já Romy Pocztaruk apresenta Antes do Azul, curta que traz a multiartista Valéria Barcellos como protagonista e que circulou ao longo de 2020 por diversos festivais internacionais. Rodrigo Sena participa com URUBÁ, obra que levanta questões espirituais do protagonista Luiz. 

Davi Pretto, que em 2016 recebeu Prêmio Destaque do Cine Esquema Novo com Rifle, integra a seleção de 2021 com o curta-metragem Deserto Estrangeiro, projeto realizado durante a residência do DAAD Berlin Artists-in-residence em 2018. Um jovem brasileiro, que recém começou a trabalhar em uma imensa floresta em Berlim, é arrastado para um pesadelo envolvendo o passado colonial alemão quando tenta encontrar uma garota perdida na mata. O filme venceu em três categorias na seleção de filmes gaúchos do Festival de Gramado em 2020. 

A Mostra Competitiva Brasil premiará ao final do evento o Grande Prêmio Cine Esquema Novo 2021 e mais cinco obras escolhidas pelas juradas, com um troféu criado por Luiz Roque especialmente para o festival, além de prêmios em serviços da Locall, TECNA/PUCRS e CTAV. O júri desta edição é formado pela curadora Fernanda Brenner, a jornalista e documentarista Flávia Guerra, a realizadora Graciela Guarani e a multiartista Linn da Quebrada.

Paralelamente à Mostra Competitiva Brasil – Caderno de Artista, o CEN exibe ainda a Mostra Artista Convidado Welket Bungué. O artista transdisciplinar lusófono Welket Bungué, da Guiné Bissau, estará na edição deste ano do Cine Esquema Novo com uma mostra especial toda dedicada à sua obra, com seis títulos de sua autoria, selecionados com curadoria de Alisson Avila, Gustavo Spolidoro e Jaqueline Beltrame. Entre os filmes em exibição, três são inéditos e terão estreia no CEN: cacheu Cuntum, que se debruça sobre a cidade de Cacheu, primeiro porto de partida de pessoas escravizadas na Guiné Bissau para o continente americano (estreia mundial), e as estreias nacionais Bustagate, documentário experimental sobre violência policial em zonas periféricas de Lisboa, e Mudança, recentemente exibido no Forum Expanded, mostra do 71º Festival Internacional de Cinema de Berlim. Completam a lista Buôn, É bom te conhecer e Treino Periférico.

 

A terceira mostra que ficará disponível on-line e gratuita nos seis dias de festival é a Mostra Outros Esquemas, que passou a integrar a programação do CEN em 2019 como forma de contemplar mais um espaço de expressão da arte audiovisual brasileira. Vêm de sete Estados brasileiros os 12 filmes selecionados pelos curadores Jaqueline Beltrame, Dirnei Prates, Gustavo Spolidoro e Vinicius Lopes, sendo que metade deles são obras assinadas por mulheres. No geral, as obras perpassam temas como a diversidade cultural brasileira, movimento feminista surdo, além de questões LGBTQIA+, povos originários, entre outras. São elas: Dois Homens ao Mar (Gabriel Motta), Espero Que Esta Te Encontre e Que Estejas Bem (Natara Ney), Eu, um outro (Silvia Godinho), GLAUBER, CLARO (Cesar Meneghetti), Homens Invisíveis (Luis Carlos de Alencar), King Kong en Asunción (Camilo Cavalcante).  Mulher Oceano (Djin Sganzerla e Vana Medeiros), Nuhu Yãg Mu Yõg Hãm: Essa Terra É Nossa! (Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero), O que Pode um Corpo? (Victor Di Marco e Márcio Picoli), Pega-se Facção (Thais Braga), Seremos Ouvidas (Larissa Nepomuceno), Zabé do Cariri (Beth Formaggini)

 

Além das mostras, o Cine Esquema Novo promove o seminário Pensar a Imagem, uma iniciativa realizada em diálogo com a proposta curatorial do festival para proporcionar encontros temáticos dedicados a discussões sobre questões estéticas, políticas, teóricas, conceituais, narrativas e de consumo relativas às imagens, especialmente à produção autoral e experimental. Para 2021, propõe-se como tema Repertórios e afetos: espectatorialidades e olhares opositores. Com transmissão pelo YouTube https://www.youtube.com/channel/UC4YhUX_47j6BgsJDqQR2zxQ, o seminário vai ocorrer de 12 a 15 de abril, das 19h às 21h, com LIBRAS.

Quatro oficinas ainda integram a programação do evento, três delas em parceria com o Macumba LAB, coletivo de profissionais negros e negras do audiovisual no Rio Grande do Sul e outra com o projeto Câmera Causa, que promove pela terceira vez na programação do festival sua oficina. Com o Macumba, as oficinas são: Animação Pixillation e a ilusão do movimento impossível, ministrada pela multiartista e Mestra em Meios e Processos Audiovisuais pela USP, Marina Kerber, no dia 11 de abril, das 15h às 18h; Pluralidade e cinema, uma realidade possível?, com as artistas Kaya Rodrigues e Sofia Ferreira, na segunda, dia 12 de abril, das 18h às 19h e o workshop Narrativas Antirracistas, com a roteirista, diretora e crítica de cinema formada pela PUCRS, Gautier Lee, no dia 13/4, das 9h às 12h. O projeto Câmera Causa ocorrerá em aulas práticas e teóricas ao longo dos dias de festival somando carga horária de 20 horas, com atividades ministradas pelos realizadores audiovisuais Gustavo Spolidoro e Lucas Heitor.

Diariamente, os filmes exibidos nas Mostras serão temas também de debates com convidados especiais. Nesses encontros, on-line, realizadores e críticos da ACCIRS debaterão, em transmissão no canal do YouTube, as obras exibidas. Participam dos debates Adriana Androvandi, Daniel Rodrigues, Giordano Gio e Maurício Vassali. A programação completa destes debates pode ser conferida em breve no site do festival: www.cineesquemanovo.org

Entre as novidades desta edição online estão algumas iniciativas criadas especialmente para interagir com o público em uma edição sem o calor humano dos encontros presenciais. Em lives curtas, de até 30 minutos no perfil do Instagram do Festival (@cine_esquema_novo), a equipe do CEN receberá convidados no programa Shot Esquema Novo, que inicia como um aquecimento para o festival, a partir de quinta, 08 de abril. A ideia é proporcionar, em estilo informal, lembrando mesa de bar, um bate-papo sobre assuntos leves relacionados à arte audiovisual. Os filmes da vida, as trilhas da vida… tudo pode ser estopim para uma conversa com os convidados. Além desse encontro, outra seção da programação é o Abrindo os Cadernos, um momento diário em que a jornalista Bruna Paulin vai receber os realizadores da Mostra Outros Esquemas para falarem sobre seus processos e inspirações. Uma série de episódios de podcasts do CEN também vai entrar na programação de modo a levar o universo dos artistas ao público em casa. 

A abertura do Cine Esquema Novo deste ano também traz uma atração especial: uma série de projeções urbanas em quatro pontos de Porto Alegre. Com curadoria de Tiatã, poeta, MC e educadora, performances dos slammers Bia Machado, Bruno Negrão, Jamile e Jovem Preto Rei serão projetadas com intervenção artística da VJ Janaína Castoldi no sábado de abertura do Festival, dia 10 de abril, às 20h. Para evitar aglomerações, as projeções serão transmitidas pelas redes sociais do evento, permitindo que o público possa acompanhar as performances de casa.

 

O 14º Cine Esquema Novo – Arte Audiovisual Brasileira é uma realização da ACENDI – Associação Cine Esquema Novo de Desenvolvimento da Imagem. Projeto realizado com recursos da Lei nº 14.017/2020. Mais informações, acesse: www.cineesquemanovo.org | www.facebook.com/cineesquemanovocen | @cine_esquema_novo 

 

Mostra Competitiva Brasil – Grande Prêmio 14º Cine Esquema Novo – Arte Audiovisual Brasileira 

“Uma escolha que não divide, mas que complementa o olhar sobre o futuro que já é. Presente. “Principício” entre o início e o fim, ou o início do fim. Um mundo termina para que outro sonhado nasça. O mundo como o conhecemos já acabou muitas vezes. E ainda vai acabar tantas outras. 

Se em Célio’s Circle o personagem-antena é atravessado por ondas, energias, discursos e um cotidiano duro e de esquecimento, em Os Últimos Românticos do Mundo, os corpos são atravessados pela ideia de uma nova realidade construída segundo outros parâmetros. Uma onda rosa substitui um mundo que já demorou para desmoronar. 


Em Célio’s Circle, a linguagem quase documental se une à experimentação de montagem e a uma construção engenhosa de um universo sonoro não diegético que não só enriquece mas constrói a própria narrativa. 


Em Os Últimos Românticos do Mundo, a narrativa ressignifica e constrói uma nova linguagem a partir de símbolos gastos e já decodificados. Ao dar novos sentidos a eles, o filme propõe novos caminhos e possibilidades para o futuro presente. O primeiro romântico do mundo acena aos últimos”.

CÉLIO’S CIRCLE, Diego Lisboa

OS ÚLTIMOS ROMÂNTICOS DO MUNDO, de Henrique Arruda

 

Prêmio Quebra de Eixo

“Conduzida pelo som da mata, a câmera caminha junto com os jovens guaranis, Karai Mirim e Karai Jekupe, lideranças Guarani Mbyá da Terra Indígena Jaraguá em São Paulo. Por meio de um olhar coletivo, o filme reescreve e instaura uma narrativa orgânica e de respeito mútuo. Enquanto espectadores, nos tira do eixo, desestabiliza e desloca. O filme amplia o olhar. A  inversão do eixo narrativo, tanto cinematográfico quanto histórico, é uma conquista para o cinema e audiovisual brasileiro”.

CAMINHOS ENCOBERTOS, de Beatriz Macruz e Maria Clara Guiral (diretoras); Thiago Henrique Karai Jekupe e Victor Fernandes Karai Mirim (história original)


Prêmio Contra-Plano 

“O diretor lança um olhar afetivo e sagaz de um cotidiano que, via de regra, é retratado friamente pela mídia e pelas estatísticas. Revelando o seu próprio universo, o cineasta se implica na narrativa que conduz. Faz cinema de autor. Ao ser ao mesmo tempo o pássaro que bica e o pássaro que vê, redireciona o modo como vemos e nos movemos diante de um imaginário coletivo dado e instaurado, e, assim, nos aproxima”. 

ENTRE NÓS E O MUNDO, de Fabio Rodrigo

 

Prêmio Perspectiva  

“O frescor do filme é resultado de um encontro coletivo de realizadores e realizadoras que, a partir das supostas fragilidades apontadas, constroem potência. Aquelas que são colocadas à margem, ocupam o centro da narrativa e o descentraliza. Irreverente, Perifericu descortina temas prementes do momento em que vivemos”. 

PERIFERICU, de Nay Mendl, Rosa Caldeira, Stheffany Fernanda e Vita Pereira


Prêmio Fricção 

“O filme estabelece uma disputa de narrativas. Retoma memórias e tensiona o presente a partir de um relato contundente e pessoal. O filme dá conta de um passado histórico traumático enquanto aponta seus reflexos e cicatrizes na atualidade. Quando se tem um presidente que enaltece a tortura, é ainda mais urgente que o cinema se comprometa em preservar a história de suas vítimas e os fatos, e revele as contradições que compõem a narrativa do País”. 

ATORDOADO, EU PERMANEÇO ATENTO, de Henrique Amud & Lucas H. Rossi dos Santos


Prêmio Requadro 

Colagem caleidoscópica de imagem e som, o filme constrói um ensaio visual fragmentado sobre o racismo e como este se articula de maneira sofisticada e cruel em nosso imaginário. O filme revela um incômodo racial e de classe e, ao mesmo tempo, celebra a vida e a potência das negritudes por meio de sua montagem multifacetada. 

SER FELIZ NO VÃO, de Lucas H. Rossi dos Santos


 

Prêmios: 

Todos os vencedores recebem Troféu criado pelo artista Luiz Roque

Grande Prêmio Cine Esquema Novo – prêmio será dividido entre os dois filmes eleitos pelo júri

  • R$ 10.000,00 em locação de equipamentos de luz e maquinária na Locall RS
  • R$ 10.000,00 (dez mil reais) em utilização dos serviços de infraestrutura de produção e pós-produção do TECNA, centro de Produção Audiovisual, um empreendimento do ecossistema do TECNOPUC

 

Prêmio Contra-Plano

  • Empréstimo de equipamentos (Black Magic Ursa e acessórios) por 02 semanas ou serviço de mixagem de 20 horas, do CTAV Centro Técnico Audiovisual 

 

Juradas

Fernanda Brenner nasceu em São Paulo, Brasil, em 1986. É curadora, crítica de arte e fundadora e diretora artística do Pivô, em São Paulo. Em paralelo ao seu trabalho na instituição, atua como consultora de arte latino-americana da Kadist Art Foundation, faz parte da equipe curatorial da feira italiana Artissima, é editora colaboradora da revista Frieze e integra o comitê de desenvolvimento da plataforma Ordet em Milão. Entre suas curadorias mais recentes estão as exposições individuais República, Luiz Roque (2020), Avalanche, Katinka Bock (2019), ambas no Pivô e as coletivas A Burrice dos Homens, na galeria Bergamin Gomide, São Paulo (2019), Neither, Mendes Wood DM, Bruxelas (2017), co-curadoria da exposição Caixa Preta, na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre (2018). Seus textos já foram publicados em uma série de publicações, incluindo Textwork da Fondation d’Enterprise Pernod Ricard, Art Review, Terremoto, Mousse, Cahiers d’Art, além de contribuir com catálogos institucionais, nacionais e internacionais, e monografias para a editora Cobogó, MASP, Centre Georges Pompidou, Fridericianum e MOCA Detroit.


Flavia Guerra é documentarista, curadora e jornalista. Formada em jornalismo pela ECA-USP. Bolsista do Chevening Scholarship Programme, tem mestrado em Direção de Documentário e Cinema na Goldsmiths – University of London. Produziu e dirigiu Karl Max Way (premiado no Festival É Tudo Verdade); roteirizou e narrou a série Brasil Visto do Céu, coprodução entre a brasileira Gullane Filmes e a francesa Gedeon para a  ARTE. É codiretora de Poemaria (www.poemaria.com.br). Atualmente, desenvolve o documentário Notícias Populares – Muito Além da Verdade. É roteirista do longa Soprando Búzios, de João Gabriel, e produtora associada de Meu Sangue É Vermelho (Needs Must Film-BR/UK). Foi repórter de Cultura de O Estado de S. Paulo por 15 anos, além de colaborar com diversos veículos como Carta Capital, Revista Trip, Revista Continente, Folha de S. Paulo, entre outros. É colunista de cinema da Rádio Band News FM. É criadora do podcast Plano Geral. Entre 2019 e início de 2020, cobriu festivais internacionais para o Canal Brasil, para o qual produz conteúdo regularmente. É curadora do Feed Dog – Festival Internacional de Documentários de Moda. É criadora e editora do TelaTela. Integra os coletivos Mais Mulheres e Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema. 

Graciela Guarani é pertencente à nação Guarani Kaiowá, Graciela é produtora cultural, comunicadora, cineasta, curadora de cinema e formadora em audiovisual. Uma das mulheres indígenas pioneiras em produções originais audiovisuais no cenário Brasileiro, tem um currículo que inclui direção e roteiro em 8 curtas metragens, uma série de vídeos cartas “Nhemongueta Cunha Mbaraete “ (IMS/RJ),co-direcao no longa My Blood is Red (Needs Must Film),  formadora no Curso Mulheres Indígenas e Novas Mídias Sociais- da Invisibilidade ao acesso aos direitos pela @onumulheresbr  e TJ/MS – MS 2019, Cineasta facilitadora na Oficina de Cinema – Ocupar a Tela: Mulheres, Terra e Movimento pelo IMS e Museu do Índio – RJ 2019, Convidada como debatedora da Mesa redonda Internacional de Mulheres na Mídia e no Cinema na 70a. Berlinale – Berlin International Film Festival 2020 @berlinale


Linn da Quebrada é uma multi-artista brasileira. Além do elogiado disco Pajubá (2017), Linn é apresentadora de um talk-show e também atua no cinema e na TV. Travesti e “artivista”, Linn  tem alcançado e conquistado territórios em outros países e continentes, para além do Brasil, com uma arte combativa, que disputa espaços, narrativas e imaginários.

 

Quem fez o CEN 2021

Direção: Jaqueline Beltrame

 

Programação 

Coordenação: Ramiro Azevedo

Assistência de Programação: Isabel Cardoso (Faço Filmes)

Auxiliar de Programação: Inassara

Coordenação Técnica: Jeferson Silva (Reina Produções)

 

Produção

Coordenação: Jaqueline Beltrame

Assistência de Coordenação de Produção: Arthur Ferraz

Produção Debates e Projeções Urbanas: Leo Scott

Assistência de Produção: Nicole Quines

Auxiliares de Produção: Marina Pessato e Hiashine Florentino

 

Curadoria

Mostra Competitiva Brasil e Mostra Outros Esquemas

Dirnei Prates

Gustavo Spolidoro

Jaqueline Beltrame

Vinícius Lopes

 

Mostra Artista Convidado Welket Bungué

Alisson Avila

Gustavo Spolidoro

Jaqueline Beltrame

Projeções Urbanas

Tiatã

 

Comunicação

Coordenação: Bruna Paulin – Assessoria de Flor em Flor

Editora de conteúdo digital: Tatiana Cruz

Assessoria de Imprensa: Lucas Thompson – Assessoria de Flor em Flor

Repórter e Geração de Conteúdo: Luiza Piffero

Assistência de Comunicação: Clara Corleone – Assessoria de Flor em Flor

Auxiliar de comunicação: Ana Júlia Silvino

 

Design e identidade visual: Letícia Lopes e Paulo H. Lange

Programação Site e Webdesign: Pomo Estúdio

Vinheta: Kamyla Belli (trilha ANICO)

Cobertura em vídeo: Bruna O’Donnell, Lucas Borba, Rafael Munhoz, Thaís Brito

(Desmanche Filmes)

 

Júri de Premiação

Fernanda Brenner

Flávia Guerra

Graciela Guarani

Linn da Quebrada

 

Intervenções artísticas nos vídeos de Slam: VJana

 

Seminário Pensar a Imagem

Curadoria e Produção: Gabriela Almeida

Palestrantes de Seminário:

Fabio Ramalho

Filipe Matzembacher

Igor Simões

Kênia Freitas

Márcio Reolon

Mariani Ferreira

Rayanne Layssa

Rosane Borges

Vinicios Ribeiro

 

Oficinas

Câmera Causa: Gustavo Spolidoro e Lucas Heitor Beal Sant’Anna

Macumba Lab – Narrativas Antirracistas: Gautier Lee

Macumba Lab – Pluralidade e Cinema: Kaya Rodrigues e Sofia

Ferreira

Macumba Lab – Pixillation: Marina Kerber

 

Debates Mostra Competitiva Brasil – Mediadores

Adriana Androvandi

Daniel Rodrigues

Giordano Gio

Maurício Vassali

 

Tradução: Ana Carolina Azevedo

 

Interpretação de Libras: Beatriz Canuto, Paloma Bueno, Talita Messias (Eventer)

 

Assessoria Jurídica: Goulart & Chalupka – Sociedade de Advogados

 

Contabilidade: MVG Consultoria Contábil – Valesca Gattini Araújo

 

Apoio Premiação: Locall, TECNA/PUCRS e CTAV

 

Apoio: Prime Box Brasil, ACCIRS – Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, Macumba LAB, Câmera Causa, Gran Legado, Le Mule, Maison Forestier, Arya Wines

 

Realização: ACENDI – Associação Cine Esquema Novo de Desenvolvimento da Imagem

 

Projeto realizado com recursos da Lei no 14.017/2020