Mostra outros esquemas
A arte em frente às câmeras e no centro da programação
Foi há apenas duas edições que a Mostra Outros Esquemas foi criada dentro da programação do Cine Esquema Novo – Arte Audiovisual Brasileira, com objetivo de abrir espaço para obras contundentes, que tocam em temáticas relevantes dentro do contexto social, cultural, político, e que apresentam propostas artísticas diferentes daquelas que compõe a Mostra Competitiva Brasil. São obras que nos provocam e nos emocionam, que queremos compartilhar, refletir a respeito, e para elas pensamos a Mostra Outros Esquemas. Parte da liberdade que o Cine Esquema Novo busca está em sempre priorizar cada obra audiovisual acima de um calendário a cumprimir, ou um formato a seguir; está também em expandir o olhar da curadoria para novas possibilidades, e por isso celebramos também uma novidade nesta edição: um recorte temático para a Mostra Outros Esquemas.
Mais uma vez a equipe de curadores desta 15ª edição do festival foi presenteada com uma gama diversa de obras para apreciar, analisar, debater e, por fim, selecionar. E, como era de se esperar, foram muitos trabalhos que representaram a Mostra Outros Esquemas. Porém, dessa vez, o time curatorial tomou um rumo não planejado. Ao nos debruçarmos sobre o conjunto de trabalhos trazidos para o debate durante o processo de curadoria, algo interessante emergiu. Saltou aos olhos a existência de uma temática em comum entre boa parte dos filmes que estavam sendo avaliados: o fazer artístico como centro da narrativa. E com este recorte, apresentamos os 8 trabalhos que compõem esta programação.
São obras que abordam música, artes cênicas, cinema, artes visuais, e que procuram realçar alguns aspectos na produção destes artistas, além de resgatar trajetórias que merecem atenção. Para um festival que se preocupa em compreender e debater processos criativos, de acompanhar a trajetória dos artistas que têm suas obras exibidas em sua programação, pareceu muito natural propor este recorte temático para este ano. Num contexto contemporâneo em que muito se discute a autoria e o uso de novas tecnologias para criar, a Mostra Outros Esquemas apresenta obras que demonstram diferentes métodos e processos utilizados por artistas em diferentes áreas de expressão. Os filmes também trazem aspectos que vão além da criação artística, como o seu poder político e de mobilizar a sociedade frente a temas de relevância local ou mesmo global.
A Mostra Outros Esquemas desta edição se alinha ao corpo da curadoria, da programação e dos preceitos do Cine Esquema Novo ao trazer os artistas para o centro do palco e a partir deles reverberar nas mais diversas direções o fruto dos encontros destes com o público. E assim concluímos que é possível apreender a partir do visionamento destas obras que a arte, assim como este festival, se concretiza nos encontros.
Dirnei Prates, Jaqueline Beltrame, Kamyla Belli e Ramiro Azevedo – curadores
Obras selecionadas
Arruma um Pessoal pra gente botar uma Macumba num Disco, de Chico Serra, 2023, 20min, Rio de Janeiro - LIVRE
Sinopse: Documentário musical em torno das criações sonoras de Getúlio Marinho (1889-1964), sambista responsável por levar os pontos de macumba para o disco.
Arte da Diplomacia, de Zeca Brito, 2023, 90min, Rio Grande do Sul - A10
Sinopse: Londres, 1944, em meio aos bombardeios da Segunda Guerra Mundial, a Arte Moderna brasileira era apresentada ao mundo pela primeira vez. Um gesto de diplomacia cultural que ficou esquecido por décadas, que uniu territórios e definiu o papel do país na luta contra o nazifascismo.
Batimento, de Anderson Astor, 2023, 19min, Rio Grande do Sul - LIVRE
Sinopse: Batimento é um documentário curta-metragem que explora os bastidores da produção da instalação de mesmo nome concebida pelo artista Túlio Pinto, durante a 13ª edição da Bienal do Mercosul.
Boom Shankar – O filme perdido do Guará, de Sérgio Gag, 2024, 74min, São Paulo - A18
Sinopse: 1972. Uma Kombi viaja da Holanda à Índia. Essa jornada é a matéria-prima de Boom Shankar, único filme dirigido por Guará Rodrigues, personagem mítico do Cinema Brasileiro de Invenção. Aquele filme nunca foi concluído, mas fragmentos recentemente encontrados são combinados com depoimentos de integrantes da viagem que recuperam o espírito libertário e pioneiro da época.
Brasiliana: o musical negro que apresentou o Brasil ao mundo, de Joel Zito Araujo, 2024, 83min, Minas Gerais - A12
Sinopse: “Brasiliana: o musical negro que apresentou ao mundo” resgata a história da companhia Brasiliana, que ao longo de seus 25 anos de atividade percorreu mais de 90 países.
Hélio Melo, de Leticia Rheingantz, 2024, 25min, Acre e São Paulo - LIVRE
Sinopse: Por meio de uma sobreposição inédita da obra de Hélio Melo com retratos atuais do Acre, embarcamos na peleja do artista para contar a história dos seringueiros e povos originários da Amazônia.
Mborairapé, de Roney Freitas, 2023, 25min, São Paulo - LIVRE
Sinopse: RAP é um caminho da música. Jaraguá é Guarani.
Um Corpo Só, de Cacá Nazario, 2024, 105min, Rio Grande do Sul - A12
Sinopse: Documentário com elementos de ficção, teatro e delírio que acompanha a trajetória da Tribo de Atuadores Oi Nóis Aqui Traveiz, onde o íntimo e o político é borrado pela possibilidade de entender a imaginação criadora como ferramenta de resistência.