A sua imagem na minha caixa de correio

Na virada do milênio, leitores de uma revista brasileira de cinema trocam cartas entre si. Nelas, compartilham notícias sobre filmes aguardados, além de desabafos e confissões. Em comum, cultivam o hábito de colecionar fotografias impressas de seus astros favoritos. Aos poucos, os desejos despertados pelas imagens cinematográficas se revelam nas entrelinhas.

Silvino Mendonça (1987) é artista visual, cineasta e designer gráfico. Sua obra aborda as diferentes tipologias visuais do espaço público e seus atravessamentos sociais, políticos e culturais por meio de fotografias, vídeos, publicações impressas e instalações. É mestre em Artes Visuais pela Universidade de Brasília. Dirigiu os curtas-metragens Cine Ruínas (2016), Carona 47 (2017), Paisagem em Chamas (2023) e A sua imagem na minha caixa de correio (2024). Realizou exposições individuais em Brasília e participou de coletivas em São Paulo, Los Angeles, Berlim e Tóquio, entre outras cidades. Em 2012, fundou a editora independente Savant, que produz e distribui publicações impressas de baixa tiragem, como zines e fotolivros. Atualmente, reside e trabalha em Brasília.

https://www.silvinomendonca.com/

Cine Ruínas – (2016, 3min)
Carona 47 – (2017, 19min)
Paisagem em Chamas – (2023, 7min)
A sua imagem na minha caixa de correio – (2024, 17min)

Then and Now: Hollywood Boulevard, 1973-2004 (2005)

de Ed Ruscha

Justificativa
Minha ideia, a princípio, era fazer um fotolivro com o material que deu origem ao curta-metragem “A sua imagem na minha caixa de correio” (2024). Dirigi uma editora independente ao longo de uma década e tenho algumas publicações como grandes referências.

Destaco “Then and Now: Hollywood Boulevard, 1973-2004” (2005), de Ed Ruscha. O formato de sanfona do fotolivro permite a apresentação de todas as fotografias dos edifícios da região em uma mesma página. Para produzir as imagens, Ruscha utilizou uma câmera fotográfica motorizada de pequeno formato acoplada ao teto de um carro. Após reveladas, ele cortou e montou as fotos lado a lado, reunindo-as em uma página única. Cada lado da rua é apresentado em uma longa faixa, com as duas tiras justapostas ao longo de todo o comprimento da dobra. Na obra, a passagem do tempo pode ser percebida por meio das novas fachadas, árvores e configurações arquitetônicas da rua.

Essa área me fascina, não apenas por eu ter crescido assistindo a filmes hollywoodianos rodados ali, mas também porque eu a visitei quando tinha apenas 15 anos, em minha primeira viagem internacional, prêmio de um concurso cultural da MTV. As memórias dessa viagem parecem cada vez mais distantes. Quando vejo as fotos que fiz lá, acompanhado da minha irmã mais velha (minha responsável legal, na ocasião), sinto como se outra pessoa tivesse feito a viagem no meu lugar.

Link
https://steidl.de/Books/Then-Now-0814233344.html

Once Upon a Screen: Explosive Paradox
2020, 09min, EUA

De Kevin Lee

Justificativa
Gosto dos vídeo-ensaios do Kevin Lee. Este aqui trata da relação entre cinema, família, memória e identidade, temas que me interessam e que também estão presentes em meu curta. Infelizmente, está disponível apenas no idioma original (inglês), sem legendas em português.

Sinopse
Vídeo-ensaio sobre cinema e trauma.